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domingo, dezembro 30, 2018

Transição planetária: o equívoco de Alcyone (republicando)

Hoje (11/06/2011), estive no Centro Cultural para a palestra  sobre Transição Planetária, que é moda agora. Já tivemos várias modas em nosso movimento. Lembro-me de uma que era a “proposta de alteridade”. Todo congresso, seminário, simpósio, falava sobre alteridade.



Amigo leitor, não veja aqui nenhuma crítica acerba ao expositor, até porque, como sempre, sua palestra foi brilhante, brilhante até cometer alguns equívocos na esfera científica.

Sempre fico com o pé atrás quando ouço dizer que alguém irá falar de transição planetária, porque fico preocupado com informações equivocadas, dadas como se fossem científicas.

No que diz respeito às informações doutrinárias, o palestrante não deixou a desejar em absolutamente nada, mas quando passou a discorrer sobre astronomia, escorregou na mesma tese dos esotéricos que afirmam que o sol orbita a estrela Alcyone e que vamos entrar no tal cinturão de fótons.

Já escrevi aqui e no Portal Garanhuns Espírita sobre o assunto, mas vou voltar à baila, rogando aos oradores espíritas que, antes de apresentarem teses como sendo científicas, façam uma extensa pesquisa, não aceitando nada que deixe a menor sombra de dúvida.

Então vamos lá:

O expositor reafirmou a tese de que o Sol orbita a estrela Alcyone das Pleaides.

O Sol e todo o sistema solar orbita o centro da Via Láctea a uma velocidade de média de 217 Km/s e leva em torno de 225 milhões de anos para dar uma volta inteira na galáxia. Nem mesmo as várias estrelas das Plêiades, pois não são apenas sete, orbitam Alcyone.

Foi apresentada a tese com o respaldo da pesquisa de quatro astrônomos: Friedrich Wilhelm Bessel, Paul Otto Hesse, José Comas Sola e Edmund Halley.

Eis a informação colhida agora mesmo na internet:

Comecemos pelos nomes citados, três deles são realmente de astrônomos:
Edmund Halley - britânico, também matemático (1656-1742)
Friedrich Wilhelm Bessel - alemão, também matemático (1784-1846)
José Comas Sola - espanhol (1868-1937)

Nenhum dos três jamais se envolveu em qualquer estudo ou hipótese de uma possível órbita do Sol em torno de Alcyone. Halley e Bessel estudaram as Plêiades, mas seus estudos foram voltados para o movimento próprio de suas estrelas, o que nada tem a ver com as idéias de Paul Hesse.

Paul Otto Hesse - escritor esotérico alemão, publicou em 1949 um livro intitulado “Der Jüngste Tag” (The Recent Day) em que apresentou suas idéias sobre o Sol orbitando Alcyone e a existência do cinturão de fótons. É possível que neste livro ele tenha citado de forma abusiva os três astrônomos. Em um dos textos que encontrei, afirma-se inclusive que Hesse recebeu o Premio Nobel de Ciência!

Portanto, nenhum astrônomo jamais calculou qualquer órbita de 26.000 anos, do Sol em torno de Alcyone, foi tudo imaginado pelo escritor alemão.

Nosso sistema solar tem de 4,5 a 5 bilhões de anos, como poderia orbitar uma estrela que não tem mais de 100 milhões de anos? Todas as estrelas da nossa galáxia se movem, assim como o nosso Sol. Algumas se afastam de nós, outras se aproximam, os astrônomos já determinaram que o Sol segue na direção aproximada da estrela Vega, da constelação da Lira. (grifei) [1]

Foi apresentada uma imagem (abaixo) e eu a pesquisei no Hubble site e não a encontrei de forma alguma, mas achei mais de 200.000 resultados no google e somente os que tive coragem de ver eram de sites ditos espíritas e esotéricos. Não achei em nenhum site de astronomia e peço que, se acharem passem o link par análise do conteúdo.

Eis um pequeno resumo sobre as Plêiades: [2]

Imagem das plêiades

O aglomerado estelar aberto das Plêiades é o aglomerado de estrelas mais brilhante em todo o céu. As Plêiades também são conhecidas por vários outros nomes tais como "Sete Irmãs", como M 45 pela classificação do catálogo Messier, e como "Subaru" no Japão. Este aglomerado está localizado na constelação do Touro (Taurus). Seis das estrelas nas Plêiades são visíveis sem o auxílio de telescópios. Aproximadamente 500 estrelas pertencem ao aglomerado estelar aberto das Plêiades e a maioria delas são fracas. Uma nebulosa de reflexão circunda estas estrelas.

Outros fatos importantes
·        MUITO IMPORTANTE: fisicamente, a nebulosa de reflexão que você vê na fotografia, provavelmente, é parte da poeira de uma nuvem molecular NÃO RELACIONADA com o aglomerado das Plêiades. Ela NÃO É formada por restos da nebulosa que, um dia, deu origem ao aglomerado das Plêiades. Simplesmente esta nuvem de poeira está cruzando o caminho do aglomerado das Plêiades. O fato desta nebulosa de reflexão não estar associada com o aglomerado aberto das Plêiades é comprovado por medições das velocidades radiais relativas delas. Mostra-se que a nebulosa e o aglomerado tem velocidades radiais diferentes, cruzando um ao outro com uma velocidade relativa de 11 quilômetros por segundo.
·        Modernos métodos de observação tem revelado que pelo menos 500 estrelas, na maioria muito fracas, pertencem ao aglomerado aberto das Plêiades
·         O aglomerado aberto das Plêiades se espalha por um campo de 2 graus no céu (isto significa 4 vezes o diametro da Lua!)
·         A distância do aglomerado aberto das Pleiades, 380 anos-luz, foi recentemente determinado a partir de medições de paralaxe diretas realizadas pelo satélite astrométrico Hipparcos, da European Space Agency (ESA). Este novo valor difere muito daquele que era aceito anteiormente, cerca de 408 anos-luz..
Foi afirmado que a nossa galáxia contém tantos bilhões de galáxias, mas na verdade a nossa galáxia, que é uma espiral barrada, é uma só e contém algo em torno de 200 bilhões de estrelas e uma estimativa de 1 trilhão de planetas, tendo no seu centro um supermassivo buraco negro.

Só para se ter uma idéia de números reais, vejamos informações para o universo visível em 14 bilhões de anos-luz [3]:

Número de superaglomerados no universo visível = 270.000
Número de grupos de galáxias no universo visível = 500 milhões
Número de galáxias grandes no universo visível = 10 bilhões
Número de galáxias anãs no universo visível = 100 bilhões
Número de estrelas no universo visível = 2.000 bilhões de bilhões

Outro detalhe importante, que é preciso ressaltar é que nosso sistema solar não está se aproximando das Plêiades e sim se afastando delas. Este assunto foi tratado aqui no blog e no Portal Garanhuns Espírita, mas vamos revisar:

Entre outras coisas, li que o Sistema Solar gira no sentido horário em torno de Alcyone, a estrela mais brilhante do grupo das Plêiades, que em volta dela existe um cinturão de fótons, que a radiação do cinturão desintegra os elétrons.

(...) pelo que sei, o Sistema Solar afasta-se das Plêiades a uma velocidade acima de sete quilômetros por segundo, o que parece ser motivo suficiente para não nos preocuparmos com a desintegração de nossos elétrons. Assim mesmo, supondo que eu possa estar enganado, vejamos o que aconteceria se, em vez de nos afastarmos de Alcyone, caminhássemos a seu encontro, não a sete, mas a sete mil quilômetros por segundo. Em quanto tempo chegaríamos à metade da distância que nos separa dela agora? A resposta ultrapassa os oito mil anos, (...). (grifei) [4]

Ou seja, ainda que nos aproximássemos das Plêiades, levaríamos mais de oito mil anos! Lá para depois do ano 10.000!

O que me preocupa é que estão passando tal informação como sendo orientação espírita e vida de fontes seguras, sem a menor análise do seu conteúdo e até questionamento aos Espíritos que a transmitem por seus médiuns!

O Espiritismo tem um aspecto científico e devemos seguir o pensamento de Allan Kardec, quando realizarmos pesquisa científica.

Na exposição de hoje foi citado um texto com a referência aos quatro astrônomos que, em pesquisa no google, achei centenas dele, sem tirar, nem por.

Vou repetir: não questiono o conteúdo doutrinário que foi apresentando hoje, mas a informação equivocada sobre Alcyone, cinturão de fótons e a órbita do Sol.

Lembremos que, até as formas das 88 constelações do céu são uma ilusão devida às distâncias estelares, como por exemplo, o Cruzeiro do Sul, com suas estrelas em forma de cruz e a intrometida, onde cada uma tem distâncias diferentes:
Estrela
Distância
Gacrux
87,94 al
Mimosa
352,60 al
Cru
364,01 al
Acrux
320,70 al


Eu tinha uma dúvida quando fui à palestra hoje: será tratado desta questão de Alcyone de novo?

Uma das grandes críticas sofridas pelo Espiritismo é justamente que, para algumas pessoas, tem apenas a aparência de ciência e o pior é que, quando ouvimos informações deste jaez dá essa impressão mesmo.

Se me provarem por A + B que orbitamos Alcyone, não com informações vindas de fontes esotéricas ou de Espíritos, sem a devida comprovação da pesquisa científica e suas fontes, darei a mão à palmatória.

[3] - fonte: http://atlas.zevallos.com.br/universe.html, acesso em 11/06/2011

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